Taxa de juros no Brasil: o que é a Selic e como ela impacta a economia doméstica

Entenda como funciona a taxa básica de juros, de que forma ela é definida pelo Banco Central e por que suas variações afetam diretamente a vida das famílias brasileiras.

Equipe de Comunicação e Marketing | Setembro de 2025

A taxa de juros é um dos principais mecanismos utilizados para equilibrar a economia. No Brasil, a referência é a Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), definida periodicamente pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Embora pareça um tema restrito a economistas e investidores, a Selic tem efeitos imediatos sobre a inflação, o custo do crédito, os investimentos e, em última instância, o orçamento das famílias.

Como é definida a taxa de juros no Brasil

A cada 45 dias, o Copom se reúne em Brasília para decidir qual será a meta da Selic. A decisão não é arbitrária: ela se baseia em um extenso diagnóstico da economia nacional e do cenário internacional. Entre os fatores mais observados estão:

  • Inflação corrente e projetada: O Banco Central tem como missão principal manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Se os preços sobem de forma acelerada, os juros tendem a ser elevados para reduzir o consumo e a demanda, contendo o avanço dos preços.
  • Atividade econômica: Quando há sinais de desaceleração, com baixo crescimento e desemprego em alta, o Copom pode reduzir os juros para estimular crédito e consumo.
  • Câmbio e mercado externo: Oscilações do dólar e decisões de outros bancos centrais (como o Federal Reserve, nos Estados Unidos) influenciam diretamente a política monetária brasileira.
  • Expectativas: Projeções de inflação e crescimento também são levadas em conta, já que influenciam o comportamento de consumidores e empresas.

A Selic funciona, portanto, como um instrumento de política monetária para regular a quantidade de dinheiro em circulação e manter a estabilidade de preços.

O que é a taxa Selic?

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia, que influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. A definição da taxa Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação.

Quando o Copom altera a meta da Selic, o efeito se espalha por todo o sistema financeiro. Os bancos ajustam suas taxas de crédito, os investidores recalculam seus rendimentos e, consequentemente, as famílias percebem mudanças no custo de vida.

Impactos da Selic na economia doméstica

Apesar de parecer distante, a Selic impacta o dia a dia de cada cidadão. Os principais reflexos das alterações da taxa são::

  1. Custo do crédito: Financiamentos de imóveis, veículos, empréstimos pessoais e até o rotativo do cartão de crédito têm suas taxas influenciadas pela Selic. Juros altos encarecem as parcelas e dificultam o acesso ao crédito; juros baixos tornam os financiamentos mais viáveis.
  2. Inflação e poder de compra: Quando a Selic sobe, o consumo tende a cair, ajudando a conter a inflação. Isso preserva o poder de compra das famílias, ainda que o crescimento da economia fique mais lento.
  3. Investimentos: Aplicações como Tesouro Selic, CDBs e fundos de renda fixa rendem mais quando a taxa está elevada. Em contrapartida, uma Selic baixa estimula investidores a buscar alternativas em renda variável, como ações e fundos imobiliários.
  4. Decisões de consumo: Em momentos de juros altos, famílias tendem a adiar compras de bens duráveis e reduzir gastos parcelados. Já com juros menores, o consumo ganha fôlego.
  5. Orçamento familiar: A variação da Selic exige planejamento. Em períodos de alta, a prioridade deve ser a quitação de dívidas; em períodos de baixa, é possível renegociar contratos ou investir em alternativas que ofereçam maior rentabilidade.

Segundo estudo divulgado pelo Serasa em agosto de 2025, o pagamento de juros já compromete 10% da renda das famílias brasileiras. As taxas cobradas por empréstimos e cartões de crédito põem o Brasil no primeiro lugar do mundo em endividamento. São 78 milhões de brasileiros com alguma conta ou dívida em atraso. 

O equilíbrio entre crescimento e estabilidade

O desafio do Banco Central é encontrar o ponto de equilíbrio: juros suficientemente altos para conter a inflação, mas não tão elevados a ponto de frear a atividade econômica de forma excessiva. Uma Selic mal calibrada pode resultar em um ciclo de recessão ou em descontrole inflacionário. Para o cidadão comum, compreender esse mecanismo é importante para fazer escolhas financeiras mais conscientes. Entender como os juros funcionam ajuda a decidir o momento certo para assumir um financiamento, renegociar dívidas ou investir.

A Selic é um índice técnico que define o ritmo da economia e influencia diretamente a vida das pessoas. Do valor da prestação de um carro ao rendimento da poupança, passando pelo preço dos alimentos no supermercado, tudo está conectado às decisões do Banco Central.

Manter-se informado sobre a taxa básica de juros é, portanto, um passo fundamental para garantir mais segurança no planejamento financeiro doméstico. Afinal, compreender a lógica da Selic é também compreender a engrenagem que move a economia brasileira.